quinta-feira, 25 de março de 2010

Capital Ecológica _ Vila Nova de Paiva



Aninhada nos ramos arrepiados, vê a dimensão duma Natureza adormecida que recebe faminta os pobres raios de Sol. E espera. Espera tranquila pelo seu reinado enquanto a distância lhe esconde os pormenores das ainda geladas madrugadas.
Muitos são os seres que a admiram cá de baixo, adivinhando-lhe as formas prenhes que o passar dos dias lhe vai trazer e sob o luar pendendo do ninho de carvalho confundirão as madrugadas com as mais belas alvoradas.
Mas por entre as giestas jazem ainda os fentos quebrados e molhados, o húmus desorganizado, atolado de camadas de vidas mortificadas e de outras que laboram todavia, anonimamente e indiferentes aos humores da superfície. Jazem as folhas caídas, telas desiguais pintadas com cristais, escondidas nas sombras que as tardes de Inverno tornam eternas e nas fendas das pedras informes que outros gelos ajudaram a nascer.
Tudo se aquieta nos abrigos que o vento não descobre e a luz rapidamente se despede sem sequer ter aquecido a terra.
A vida fluí, subtil e quase invisível, resiste ao frio e ao gelo até que daqui a muitas luas chegam os sinais do renascimento.
Aninhada nas folhas novas e macias, virá e verá a dimensão duma Natureza acordada que recebe saciada os auspiciosos raios de Sol. E esperará... Esperará tranquila pelo seu nocturno reinado nesta Capital Ecológica.

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