quarta-feira, 24 de março de 2010

Natureza Interpretada…



Chegou, inevitável, à boleia do tempo mas arrancando à mulata paisagem suspiros de êxtase e risinhos de antecipação. Um rosto prazenteiro e um brilho promissor. Parecia que o Inverno preparava a despedida e entregava o reino ao cavaleiro de armadura reluzente. Porém um bafo frio desenganou a ansiosa pretendente. É Março, quase Abril.
Os verdes estão ainda desbotados, as flores ainda tardam, os ramos parecem mortos mas multiplicam-se os castanhos em diferentes nuances e todas lembram uma miríade de sabores: canela, noz, sultana e cacau, castanha, avelã, baunilha, café, chocolate, amêndoa, caju e pinhão, até onde a imaginação nos possa levar.
Sem nuvens e sem fumo à distância é fácil perdermos o olhar neste Arbutus vazio, nos reflexos azulados que mascaram a diferença condenando-a a um só tom. Parece que ninguém mora nas paragens do frio e que nenhum barulhar se manifesta aqui, mas é engano que cedo se desfaz. Ouvem-se as jardineiras que se encontram na horta biológica, preparando sem demora a terra para os alhos e evitando sabiamente os caprichos da lua nova, chilreiam alguns resistentes que não conhecem as branduras de terras mais quentes e correm ligeiros os regatos de encontro ao rio valoroso. Tudo resplandece para memórias futuras, nestes últimos dias. Dias de Sol e novo fôlego se pode tomar para continuar a acompanhar o ritmo do tempo.
E que seja generoso o correr dos nossos dias...

1 comentário:

  1. Tenho que seleccionar os colaboradores deste blogue porque com uma escrita deste quilate envergonham-me a mim. Fabulous

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