sábado, 22 de outubro de 2011

Uma "cultura" para Timor Leste...10 anos passados!

 E porque hoje é Sábado! resolvi abdicar do conforto familiar e ir assistir ao seminário organizado pelo Coronel Fernando Figueiredo para comemorar os 10 anos da partida do 2º Batalhão de infantaria/PORBATT, que saiu de Viseu para conduzir a missão UNTAET a favor da independência Timorense. Esta realização decorreu com a dignidade devida e acima de tudo com imenso sentimento, mesmo corridos dez anos, pelo facto dos objectivos terem sido plenamente atingidos, tanto no território de Timor Leste como pelo envolvimento alcançado na cidade de Viseu, à altura. Recordo-me da colaboração frutuosa estabelecida pela ESAV com este batalhão em concreto, que permitiu que uma comitiva da Escola Superior Agrária acompanhasse o batalhão e desenvolve-se em conjunto um trabalho extraordinariamente meritório de formação agrícola no território. Na altura, recordo-me com alguma emoção, a primeira formação que ministrei com o título desta crónica "Uma "cultura" para Timor Leste". Tivemos que estudar muito na altura sobre a cultura, as gentes, as paisagens e as culturas, para podermos transferir conhecimento para os militares e posteriomente no local como valorizarmos as práticas e o cenário agrícola em Timor Leste. A comitiva da ESAV foi composta pela Eng. Pedro Rodrigues, actual Vice-Presidente do IPV e o Eng. Joaquim Soares de Sousa, técnico superior na ESAV e posteriormente uma aluna de Eng. Agronómica, a Filomena, que fizeram um trabalho notável num território dificil, pelo desconhecimento e pelas práticas enraizadas, embora com uma margem de progressão imensa. O projecto incidiu essencialmente na área do café, embora tivesse outras vertentes. Face a este cenário, qual a razão da ninha ira? Da ESAV como instituição, não havia vivalma e da parte do IPV merecia a presença da pessoa certa. Qual a razão? Não foram convidados? Da informação que obtive directamente do coronel Figueiredo, foi solicitado que a ESAV estivesse presente e que fosse difundida a mensagem. Além do mais, serviria ainda para evocar a memória da nossa colega Celmira que também integrou o projecto e ajudou a criar laços muito fortes com o batalhão e daqui envio um abraço ao então "Major Miranda" e uma saudação especial à amiga Celmira. É preciso responsabilizar as pessoas que não fizeram esse papel, porque esta falha é de "lesa a pátria". Eu senti-me envergonhado por pertencer a uma instituição que não reconhece a sua história e o papel brilhante que teve neste processo. Inclusivamente faria todo o sentido que a ESAV, pelos seus interlocutores "revelasse ao mundo" o seu papel, as virtudes e as dificuldades e que isso fosse feito inclusivamente pela aluna que por lá passou que conviveu com os Timorenses durante largos meses, que se realizasse uma exposição fotográfica sobre o seu percurso, isto já o disse há alguns anos. Não vale a pena "bater mais no ceginho". Em meu nome pessoal quero pedir desculpa por esta falha grosseira de uma Instituição à qual estou ligado, às vezes não sei porquê, por esta falta de visão estratégica, e acima de tudo pelo desrespeito para com aqueles que lutaram que os reconheceram como pares em certa altura da história e que nem um obrigado soubemos dizer. A propósito sei que o buffet servido pelo Hotel Montebelo estava delicioso, mas nem consegui provar tal foi o entusiasmo com que partilhei mais de duas horas de conversa com os intervenientes... Alguém o degostou! A propósito esteve representada a Presidente da Assembleia da República o que mostra indubitavelmente que este era um assunto de estado para uns... embora (det)estado para outros.
Para memória futura fica o sumário da palestra:

Esta prelecção foi realizada com intuito de conferir uma visão abrangente sobre um território que apresenta um conjunto de factores que determinam o modo de actuação dos agentes intervenientes no futuro da construção agrícola da ilha de Timor Lorosae. O passado histórico foi abordado de uma forma minuciosa pelos importantes contributos prestados por alguns agrónomos, médicos, frades que por lá passaram e que para além da sua actividade profissional desenvolveram um papel brilhante na introdução de uma “cultura”.

Os temas abordados nesta aula forma os seguintes:

1 - Descrição e caracterização sumária do território

2 - Caracterização climática

2.1 Temperatura

2.2. Regime pluvial

2.3. Humidade e evaporação

2.4. Classificação climática

3 - Caracterização da flora

3.1 Cronologia das principais explorações botânicas (Alberto Thomaz, Forbes, Gomes da Silva, Osório de Castro)

3.2 Caracterização Botânica (Ruy Cinatti)

3.3 Listagem das espécies colhidas

3.4 Descrição e caracterização da Floresta litoral, Mangal, Floresta Primária, Floresta secundária e Savana.



4 - Projectos de reabilitação em curso

4.1 Reabilitação Agrícola Em Tímor Leste financiado por TFET

4.2 Objectivos

4.3 Componentes do projecto

4.4 Criação de centros piloto de serviços agrícolas

5 - Perspectivas futuras

6 - Preservação da biodiversidade

6.1 Florestas tropicais e as suas espécies

6.2 Porque é que as ilhas são susceptíveis?


7 - Cultura do café

7.1 Introdução

7.2 Coffea arabica

7.3 Coffea canephora

7.4 Produção

7.5 Estrutura vegetativa do cafeeiro

7.6 Produção de café orgânico

8 – Outras culturas

8.1 Cana do açúcar

8.2 Milho

8.3 ProduçãoFlorestal

8.4 Plantas medicinais




1 comentário:

  1. Não sabia da existência deste blogue! Foi um passarinho que me assobiou a existência dele! Ainda bem que no sábado preferiu ir ao Seminário organizado pelo cor.Figueiredo para comemorar os 10 anos do PORBATT em Timor! Li muito atentamente tudo o que disse em relaçao ao vosso trabalho, como docentes, no que diz respeito à preparaçao do PORBATT. Na altura quando o Eng.º Pedro Rodrigues nos comunicou que haveria essa possibilidade, acho que lhe disse que sim, sem pensar mto bem onde me estava meter! Há 10 anos atrás, neste mesmo dia, estava em Timor Leste, algures pelo vale do Gleno, tentando reviver hectares de terreno em conjunto com a Missao Agricola em Timor Leste. Foram 6 meses de muito trabalho, de distanciamento da nossa realidade e absortos de uma quantidade tal de informaçao que foi quase impossivel transcreve-la toda para o TCC. O trabalho final foi entregue e fotografias do trabalho no terreno, estao guardadas como se se tratassem de uma relíquia! Quando diz que tem vergonha de pertencer a uma instituiçao assim, pois nao tenha! O vosso e o meu trabalho foi feito e assim seguirá! Lá num país muito distante, estao placas do trabalho realizado em cooperaçao com o PORBATT, a MATPL e a ESAV. Podem todos incluir-se, afinal de contas se nao tivesse sido por voces eu nao teria ido! Se houver outra vez a mesma oportunidade, eu aceite! Até sempre Dr.Paulo Barracosa!! Beijinhos Mena Lopes

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