terça-feira, 24 de janeiro de 2012

"Semear hoje no Território, para Criar Valor… amanhã"

A plantação do jardim temático sobre "O Queijo Serra da Estrela", a ter lugar no próximo dia 25 (quarta-feira), no Hotel de Charme Casa da Ínsua, Penalva do Castelo, cuja construção da casa e jardins remontam ao século XVIII, é um projeto coordenado pelo Departamento de Agricultura e Ecologia Sustentável (DEAS) da Escola Superior Agrária de Viseu (ESAV) e pelo paisagista Miguel Thiersonnier, em colaboração com a Casa da Ínsua (Visabeira), a APPACDM, a DRAPCentro e a ANCOSE. Esta é a primeira ação visível do plano "Criar Valor com o Território". Este projeto de criação do jardim temático tem uma vocação técnico-científica, pedagógica, ecológica e paisagista e centra-se na criação de dois espaços, contíguos à queijaria da própria Casa da Ínsua. Num primeiro espaço, com cerca 450 m2, serão plantadas pelos alunos dos cursos de Engenharia Agronómica e Ecologia e Paisagismo da ESAV e da APPACDM, cerca de 200 plantas de cardo (Cynara cardunculus), devidamente selecionadas, de 12 proveniências da própria região demarcada.

Este espaço, para além de permitir que a Casa da Ínsua se torne autossuficiente na produção de flor de cardo para a sua produção exclusiva de Queijo DOP "Serra da Estrela", será usado no futuro para estudos científicos que estão já a ser desenvolvidos em consórcio pelos grupos científicos da Universidade Católica - Centro Regional das Beiras e do Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra e da própria ESAV. Num outro espaço anexo, será criado um jardim temático que pretende retratar o espaço natural das paisagens da Serra da Estrela, onde o granito, as pastagens, as plantas autóctones, nas quais se inclui o cardo, modelam um espaço onde pontificam em fundo as ovelhas raça "bordaleira, da Serra da Estrela", que pastoreiam nos domínios na Casa da Ínsua. Neste local, com perspetiva lúdica mas igualmente estética, pedagógica e científica, serão incluídas outras espécies também apelidadas de cardo, mas que erradamente são empregues por vezes no fabrico deste produto ícone do nosso mundo rural, onde se incluem a Cynara humilis e o Silybium marianum. Esta razão deve-se ao facto de muitos dos produtores adquirirem as flores já "secadas", não sabendo as suas proveniências, nem as suas características. É aqui que entra um novo projeto, o CARDOP, que será lançado a breve trecho, e que pretende caracterizar extensivamente o cardo da nossa região e dotar os nossos produtores, que já fazem um produto excecional, de conhecimento técnico que lhes possam permitir criar queijo Serra da Estrela DOP, por design, na medida em que diferentes cardos permitem obter diferentes características bioquímicas, e consequentemente diferentes tipos de queijo Serra da Estrela.

Numa analogia grosseira pode-se comparar este processo com a diversidade dos vinhos do Dão, com base na utilização de diferentes castas típicas desta região e loteamentos distintos para a criação de vinhos de excelência, únicos na tipicidade e diversidade.

Ao juntarmos o nosso cardo (Cynara cardunculus), com características muito próprias, ao leite das ovelhas raça "bordaleira da Serra da Estrela" que pastoreiam nas nossas paisagens, o maneio do pastor e o labor da queijeira, criamos um produto único e exclusivo, de excelência e irrepetível. Estamos hoje a semear e a plantar… para colhermos amanhã.


* Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico





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